O PISO DOS
PROFESSORES E O ANIQUILAMENTO DA CARREIRA DO MAGISTÉRIO
O grande furo,
a grande falha, a grande brecha da lei 11.738, que regulamenta o piso salarial
para os profissionais do magistério público da
Educação Básica Brasileira, aprovado em 2008,é a não garantia de
recursos para valorização da carreira do professor,que deveria ser a
prioridade,o objetivo principal desta
lei.
Sem valorização da carreira do professor o piso não existe e
passa a representar o aniquilamento da carreira e da profissão de professor.
Piso sem carreira significa derrota, destruição da profissão
de professor, representa uma aposentadoria com ganhos miseráveis. É o símbolo
da baixa autoestima para aqueles que estão e para aqueles que pretendiam
ingressar no magistério. Representa a fuga de profissionais para outras áreas,
levando a escassez de mão de obra na área educacional em nosso país. O piso não pode e nem deve ser maior do que
a carreira.
De acordo com o MEC
“um professor com formação em nível superior ganha no Brasil, 65% do que recebe
um profissional que atua em outra área com a mesma escolaridade.”
Isto mostra a desvalorização desenfreada que vem sofrendo o
magistério brasileiro. Isso mostra a corrosão dos salários dos professores do Brasil
ao longo do tempo. Este piso demonstra a falta de compromisso dos governantes
do nosso país com estes profissionais que são responsáveis pela formação do
nosso povo
A reclamação justa dos
educadores brasileiros é unânime. A voz dos professores ecoá nos sindicatos e
em todos os recantos do Brasil: R$1.450,00 por uma jornada de 40 horas em sala
de aula é muito pouco. É um salário vergonhoso.
De acordo com o
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP), em 2009, a cada
R$1,00 investido em políticas educacionais no Brasil, a união gastou R$0, 20,
os estados e DF, R$ 0,41 e os municípios, R$0,39.
Segundo José Marcelino
Rezende Pinto, professor da USP, diretor do Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), a lei do piso foi mal formulada.
Estabeleceu um piso para quem possui nível médio, mas não definiu uma diferença
para quem possui ensino superior.
Há muitas variações, mas historicamente os Planos de Carreira
garantem a quem tem nível superior receber 50% mais que os de nível médio. Pelo
que temos observado, o que os sistemas estão fazendo é não reajustar o valor
dos professores com ensino superior. Em alguns lugares, o piso foi adotado para
o nível médio e os professores com ensino superior recebem R$ 200,00 ou R$
300,00 a mais.
Faltou a lei definir essa diferença e mesmo esse piso não
esta sendo adotado por muitos, além da hora-atividade que também deve ser
cumprida. A saída que eles têm escolhido é essa: pagam o piso e não reajustam o
valor do salário dos professores com nível superior, que vai ficando muito
próximo dos de nível médio.
A mais de três anos em
vigência, a lei do piso pode sofrer um grande baque, um grande golpe neste ano
de 2012. Reajustado em 22% pelo governo federal o valor do piso ficou sendo R$
1.450,00. Esse aumento foi dado baseado na variação do Fundeb do ano de 2011. A
inexistência de clareza na regra para definir a correção anual do piso.
O governo federal
enviou ao congresso projeto de lei optando INPC (Variação de Índice Nacional de
Preço ao Consumido) para o reajuste do piso dos professores.
Tramitada no Senado a matéria foi modificada e aponta como
índice de reajuste a variação do Fundeb,proposta esta que recebeu parecer
contrário na Comissão de Finanças e Tributação,está aguardando votação no
plenário.
Como nós sabemos que o índice da inflação deverá ser sempre
menor do que o crescimento do Fundeb,se aprovado no plenário significa mais achatamento no salário do professor.Se o INPC for aplicado para o reajuste do piso não
acontecerá a equiparação salarial dos professores com os profissionais de outras
áreas.
A falta de
estrutura dos municípios e a sangria pela corrupção dos parcos recursos
destinados a educação tem sido um entrave no cumprimento da lei do piso.
Segundo Carlos Eduardo
Sanches, ex-presidente da Undime,ex-secretário de educação de Castro(PR) e
atualmente membro do Conselho Estadual de Educação do Paraná.
Ele afirma que sem mudanças concretas na legislação e no
aporte de recursos federais, o reajuste do piso nacional dos professores pode
representar achatamentos na carreira dos profissionais. Segundo ele
interpretações diversas, discussões sobre o valor, exigências ou não da
aplicação de um terço da jornada para hora-atividade, impactos nos orçamentos
municipais e estaduais, e a falta de uma regra clara para a correção anual do
piso são algumas das polêmicas e angustias que persistem.
Para que a destruição da carreira do magistério não aconteça as prefeituras e
os estados terão que reconstruir as tabelas salariais dos seus planos de cargos
e carreira de maneira que os demais professores que estão no topo da carreira
com maior titulação e tempo de serviço
recebam um aumento diferenciado daqueles que estão no começo da
carreira(professores de nível médio)
que recebem o piso de R$ 1.450,00.
Se isto não acontecer à lei do piso será uma grande decepção,
uma grande frustração para o educador (a) brasileiro (a), que se sentira
ludibriado, enganado. Sem dinheiro novo para o possível pagamento do piso com
carreira, a lei do piso se tornara um engodo, vai achatar salários e vai
engolir a carreira docente, destruindo o magistério.
Sem carreira nenhuma profissão vai para frente, é morta, é
inerte. A carreira é que dar velocidade. A carreira é a motivação para qualquer
profissional. Sem carreira o professor para. A extinção da carreira é a
extinção da valorização profissional.
Segundo Daniel Cara,
coordenador geral da Campanha Nacional
pelo Direito à Educação a
“Mensagem ao Congresso Nacional da Presidenta Dilma Rousseff reforça
esse “buraco da falta de recursos”do sistema educacional brasileiro.
O texto fala em “apoio técnico aos estados e municípios e
também em ações consorciadas na execução de metas do PNE”,mas ficam dúvidas a
respeito da divisão de responsabilidades e de recursos.aliás,a questão se torna
especialmente complicada por conta da divisão do investimento em educação entre
municípios,estados e União.
Paulo James Queiroz Martins- Professor e Técnico em Educação
Representante da APEOC em Maranguape.
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