sexta-feira, 29 de outubro de 2010

EDUCAÇÃO PÚBLICA DE SÃO PAULO NA UTI

Sexta-feira, 29 de outubro de 2010




                        Em matéria intitulada Educação Sem Remédio, publicada na revista Carta Fundamental N°21 / Setembro de 2010 de autoria de Dulce Cristelli,doutora em psicologia da educação,professora do departamento de filosofia da educação da PUC-SP e terapeuta existencial.

Ela pede para a gente ficar atento quando algum professor comentar que a sua profissão está deixando-o louco. Ensinar adoece? Segundo pesquisa que está sendo realizada pelo Departamento de Saúde do Servidor (DSS), da Secretaria Municipal de Gestão e Desburocratização de São Paulo, é crescente o número de professores acometidos por problemas psiquiátricos.

                         Dos 55 mil professores da rede municipal de São Paulo, 16 mil (30%) estão afastados por motivo de saúde. Destes 16 mil professores afastados para tratamento de saúde, 4,9mil (cerca de 10%), foram afastados por transtornos mentais e comportamentais. Os demais foram afastados por causa de doenças osteomusculares,lesões por esforço repetitivo e doenças do aparelho respiratório.

É preocupante saber que 30% dos professores municipais de São Paulo, estão afastados por motivo de doenças, estão doentes. Parece que a profissão de professor acaba com a saúde. Não podemos desconsiderar esses dados alarmantes e não podemos deixar de enxergar que a falta de saúde do professor estar intrinsecamente ligada ao excesso de trabalho e a falta de valorização salarial, profissional e social destes profissionais.

                        A autora da matéria, afirma que já esteve na Suíça e lá às pessoas se orgulham em afirmar que a profissão de professor entre os demais profissionais era a que recebiam os mais altos salários.
                        Aqui no Brasil é o inverso, a maioria dos professores trabalha pela mais básica sobrevivência e estão entre os mais mal pagos do pais.

A autora afirma que sente vergonha pelo Brasil, sente vergonha por aqueles que elegemos para, inclusive, modificar este estado de coisas e nada fazem.

                        Dulce diz que como professora palestrante, recebeu por palestras um obrigado e um aperto de mão. Descobriu, mais tarde, que outros palestrantes dos mesmos eventos pelo fato de serem empresários, engenheiros... Qualquer coisa, menos professores, tinha recebido um alto "cachê".

E pergunta, alguém convidaria um ator, um advogado, um treinador de futebol... para fazer uma conferência,supondo que ele trabalharia de graça? Mas é suposto (faz parte de nossa cultura!) que um professor o fará.

                         Até quando o professor vai continuar sendo um fazedor de milagre, um bóia-fria da educação. Saco vazio não fica em pé!

                         Ela afirma que muitos dos seus alunos de pós-graduação são professores da rede pública. Sempre cansados, exauridos. Eles têm sono, falta dinheiro para pagar "Xerox" e livros, alimentação precária, dependem de bolsas de estudo para continuar seus cursos e sua qualificação. E ainda tem família para sustentar. São batalhadores. Amam sua profissão, mas são vítimas dela.

                            Quando é que o professor vai ser tratado com dignidade e respeito em nosso pais?

                            Opressão e depressão (um dos mais corriqueiros transtornos psiquiátricos atuais) caminham juntas. No caso do professor, a opressão também inclui responsabilidade. Diante de um aluno, o professor não tem apenas a necessidade de saber sobre a matéria que leciona. Ele é um ser humano diante do outro. É um exemplo fundamental.

E mais, ele é um dos profissionais que mais lidam com o futuro. Os seus alunos de hoje serão os profissionais do amanhã. E o futuro do pais depende desses profissionais.É por isso que dizemos que o futuro de uma nação está nas mãos de seus professores.

                          Essa situação de descaso vivida e sentida pelos educadores aumenta mais ainda com o nível de violência vivido atualmente nas escolas. Sabe-se hoje que o professor é um dos profissionais que mais correm risco de vida.
              
          O professor sofre também com a sua falta de valorização social. Diz-se que quem vai ser professor é aquele que não conseguiu ser outra coisa, aquele que não conseguiu arranjar outro emprego melhor.

Os professores deveriam ser os profissionais mais bem pagos, os mais valorizados, os mais bem atendidos social e politicamente e os mais bem preparados.

                        O resultado desta pesquisa do DSS mostra que a educação pública ( estadual e municipal) no São Paulo vai muito mau.

É preciso um grande movimento da população paulista para defender e resgatar a dignidade salarial, profissional e social de seus professores.

                       Nós cidadãos devemos ter consciência de que os problemas da educação e dos professores são problemas nacionais e pela importância devem ser tratados prioritariamente.

Paulo James Queiroz Martins

Representante da APEOC em Maranguape

Editar Visualizar

Postado por Paulo James Queiroz Martins às 06h15min

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

                   
              SERRA DEGENERRA E DESVALORIZA A EDUCAÇÃO

                 Sem material, professores da rede pública estadual de São Paulo "fazem milagre" para lecionar. Falta até lápis.
Os materiais fornecidos por SERRA para os alunos são insuficientes, obrigando os docentes a reunir alunos, reutilizar e a reaproveitar materiais. Professores em São Paulo faz milagre, um lápis vira dois, as coisas se multiplicam
            
                 Cristina, professora de biologia da rede pública de São Paulo afirma que vive juntando borracha, caneta e lápis para levar para escola e emprestar aos alunos. SERRA oferece apenas 40% da infra-estrutura e dos materiais necessários para realização das atividades nas escolas. Os 60% faltantes são complementados pela criação e esforço pessoal de cada professor da rede.

               Paula, professora de Língua Portuguesa, afirma que o governo de São Paulo (SERRA) não investe no professor, não prepara o professor para o mundo moderno.

               Professores reclamam também dos baixos salários, sem reajuste para a maioria. Afirmaram para Rede Brasil Atual que a atual progressão continuada, a falta de infra-estrutura e os baixos salários são os principais problemas da categoria em São Paulo.

               Tomé Ferraz, professor de física e matemática, das redes estadual e municipal de São Paulo, comenta que o governo de São Paulo (SERRA) sobrecarrega o professor e culpa os professores pelas mazelas da educação. Diz ele, que depois de 28 anos de magistério, com mestrado em Física Quântica, ele ganha R$ 500,00 da rede pública estadual, somando com o salário ganho na escola municipal, alcança remuneração de R$ 2.200,00 por 40 horas semanais. Declara Tomé, que o professor têm a pior remuneração entre as carreiras de nível superior.

                O salário que o professores de São Paulo recebe é um SALÁRIO DE BARBEIRO, não é um salário para um professor do maior estado da federação. Ele compara o salário de um professor ao salário de seu próprio cabeleleiro. "No estado de São Paulo, à hora-aula é de R$ 7,58, enquanto o seu barbeiro ganha R$8, 00, por corte de cabelo de 15 minutos. Em uma hora de trabalho, um cabeleleiro ganha R$ 32,00 e o professor R$ 7,58. É um descalabro salarial. Morando na capital, declara ele, que com este salário não dá para sobreviver.

                 Outro professor denunciou a falta de investimento na qualificação dos professores. Ele revela que tem mestrado, fez cursos na PUC e na USP, ele afirma que para o estado ele é considerado incompetente, pois não evoluiu na carreira há oito anos. A obtenção do seu mestrado não foi computada para efeito salarial.

                 Como professor, recebeu medalha de ouro e a comenda do mérito educacional "Professor Paulo Freire". "O estado de São Paulo não valoriza a formação do professor e nem oferece oportunidade para isso. Em oito anos, nenhum curso na área de física foi oferecido, cita. Quando a secretaria estadual de educação oferece qualificação tem de ser feita fora do horário de aula, mas o professor com carga extrema de aula, como fica, então? suscita.

                 Para outra professora chamada Paula, o salário do professor do estado de São Paulo é uma vergonha. Tem professor com 20 anos de magistério que ganha R$1.500,00. E tem alunos que ganham isso em trabalhos elementares, revolta-se.Estamos há 10 anos sem aumento,protesta.

                 Há dois anos, o governo do estado (SERRA) criou, em lei aprovada na Assembléia Legislativa, um mecanismo que permite evitar reajuste. A Secretaria de Educação promove uma política de aumentos conforme o desempenho em provas de avaliação do professor e o de seus alunos. Apenas 20% dos profissionais são contemplados com a correção salarial, enquanto os demais mantêm os mesmos rendimentos.Tem professor que ministra aulas no estado, na prefeitura e na rede particular. Aí trabalha demais e não tem como preparar uma boa aula mesmo, sentencia Paula

                 Com remuneração deficitária, sem condições materiais e de trabalho, os professores de São Paulo são atacados pelo desânimo, que neste caso é inevitável.

                  Rosana Almeida, professora de sociologia da rede pública estadual defende a tese de que "desacreditar "o professor é uma forma de não questionar a incapacidade de o estado gerir a educação é uma forma de terceirizar uma área que deveria ser essencial. A docente passou em todas as provas estabelecidas pelo governo estadual e em concurso público, mas até hoje não conseguiu ser efetivada. Ela está revoltada e decepcionada com os rumos da educação.

                   Em função dos baixos salários, da falta de condições de trabalho e de vida, os professores estão em extinção. Professor em São Paulo, no governo do SERRA é sinônimo de aperto financeiro, a maioria dos educadores não consegue pagar as suas contas.

                    Este artigo está baseado em dados de matéria publicada na revista Carta Capital de16/09/2010(“Sem material, professor “faz milagre” em SP”

           Paulo James Queiroz Martins

Representante da APEOC em Maranguape



Responder Encaminhar

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS DA FALTA DE PROFESSORES NO CEARÁ E NO BRASIL


Varias são as causas e os motivos que ocasionam a falta de professores nas redes públicas da educação básica em todas as disciplinas, principalmente Matemática, Física e Química.

Um dos principais motivos da carência, da falta de professores nas redes públicas estaduais e municipais é a falta de concurso público com periodicidade e amplitude necessárias para suprir estas carências toda vez que a carência de professores na rede estadual ultrapassar os 10% do seu total, como manda a Lei.

Atualmente existe um número alarmante de professores temporários, chegando a mais de 300 mil professores contratados temporariamente, precariamente. Destes, 45% são da rede de ensino estadual do Ceará, 53,5% da rede estadual de Minas Gerais, 48,8% da rede estadual de Mato Grosso e 47% são da rede estadual de São Paulo.

Aqui no Ceará, apesar de ter sido feito um concurso público recentemente e terem sidos nomeados 3.068 professores aprovados e considerados aptos para lecionarem, ainda permanece 8.189 professores temporários na rede estadual do Ceará, o que corresponde a 34% do total de professores da rede.

E como agravantes desta situação 20% desses temporários não possuem habilitação de nível superior e a sua remuneração, o seu salário está entre os seis piores salários do Brasil.

Enquanto em Brasília, um professor ganha R$ 16,13 por hora-aula, aqui no Ceará o valor da hora-aula é R$ 6,63.

Este é um quadro caótico que denigre a vida profissional do educador.

Essas formas de contratações temporárias, feitas de formas variadas, mudando de ano para ano, provocando uma rotatividade dos docentes entre as diversas unidades escolares, promovendo o estresse e a insegurança total desses profissionais.

A atuação do professor em diversos turnos, de modo a compor a sua jornada de trabalho, assumindo em muitos casos um total de 500 alunos ou até mesmo 1.000 alunos em diversos turnos, tem tornado o seu trabalho extremamente desumano e desgastante. Somando-se a isso, o elevado número de alunos em cada sala de aula e as condições sofríveis e precárias de trabalho.

Os professores de todo o Brasil deveriam ser encarados como profissionais qualificados e valorizados, como cidadãos, pai e mães de família que necessitam e devem fazer jus a um salário digno.

Infelizmente são tratados pelos governantes como bóias-frias da educação, em sua grande maioria, trabalhando sem as menores condições de trabalho e pela mais básica sobrevivência.

Apesar dos professores serem os profissionais mais necessários para uma nação, preparando o seu povo para o trabalho e para o exercício da cidadania eles são extremamente massacrados.

É triste, é ridículo saber que estes profissionais estão entre os mais mal pagos e desvalorizados deste país, com seus direitos trabalhistas negados e usurpados.

Infelizmente, as péssimas condições de vida, trabalho e salário tem provocado a migração de professores para outras profissões.

Recentemente a indústria e o setor de serviços, em expansão, têm oferecido novas oportunidades, com salários mais dignos, para os profissionais de nível superior nas áreas de Ciências e Exatas.

A Carreira do Magistério, tal como está constituída hoje na maioria das redes de ensino não é atrativa e nem oferece atrativos para nenhum profissional. Sua base salarial é extremamente baixa, ainda mais agora, com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, que entende O Piso Salarial Profissional do Magistério como sendo a soma de todas as gratificações, limitando os mecanismos de evolução e castrando os níveis salariais.

Necessário se faz; construir uma carreira atraente para o Magistério, com evolução profissional e salarial de modo a valorizar o trabalho do educador em sala de aula, permitindo o avanço aos níveis salariais mais elevados sem deixar de ministrar aulas para assumir outras funções como o de diretor de escola ou supervisor de ensino.

Sabemos que não existe processo educativo sem o professor. Ele é o centro de todo o processo educacional, e para garantir o ensino de qualidade necessário se faz uma política de valorização social, salarial e profissional do magistério

     Paulo James Queiroz Martins
      Representante da APEOC em Maranguape